CONVITE

Convite

Venha, adentre a palavra, abra seu templo, sinta seu perfume, deguste esse sabor de aventura, novidade com cheiro de passado passado, longínquo.

Venha! Aqui você vai encontrar uma menina de nariz arrebitado que salta e vibra na fuga de páginas amareladas e nunca deixa de ser a criança que passeia entre as bananeiras do Sítio e as ruas sinuosas do emaranhado de redes futurísticas.

Venha, encontre seu Mosqueteiro que, em busca da verdade transversa no Olho Torto de Alexandre, põe Ulisses em movimento, em seu cavalo de troia, para vencer a guerra da ignorância e desumanização de Vidas Secas miseráveis, tão humanizadas pela existência de Baleia e reflexões “você é um bicho, Fabiano”.

Venha! No meio do asfalto nasceu uma flor, que já foi bomba e foi pedra no meio do caminho, foi navio, foi nave e agora é rede.

Venha deixe as camurrices Machadianas, saia da Ilha Desconhecida, para navegar em Mares Nunca Dantes Navegados e, a cada embarque, uma nova viagem.

Venha sentir a vibração de nossa Língua na língua de Pessoa, Caetaneando na concretude de Gil, na sinuosidade dos grafites, poetizando essa vida brasileira em prosas e versos que se soltam das prateleiras bibliotecatizadas de cupins, traças, trecos e troços, extrapolam e viram passarinho na cabeça de um criativo que sangra em verso e prosa e recebe em si a liberdade de azuis.

Este é o seu lugar, secularmente seu, na essência e superfície. Tome seu assento que o voo vai começar. E você é o meu convidado para essa nossa pulsante aventura; ler: céu, mar, ar, pétala, lua, garça, pedra, história, gente. Ontem, hoje amanhã. Ler, papel, som, imagem. Ler ser.

Professora Matilde

segunda-feira, 18 de julho de 2011


Suspense, ação e romance são os ingredientes de Sangue de Lobo de Rosana Rios e Helena Gomes (Farol, 520 páginas).
Em um mundo fantástico de lobos, homens e criaturas assustadoras, as escritoras criaram uma história que promete prender a atenção do leitor até a última linha. O livro mostra uma série de assassinatos que aconteceram no século XX e voltam a acontecer no século XXI. A história, recheada de suspense, romance, ação e mistérios, revela porque as autoras são reconhecidas por criar mundos fantásticos que fascinam pessoas de todas as idades.
Nesta história, um antigo original de um livro, contando uma história de mistério e morte que acontece no século XX, jaz esquecido num pequeno museu em um restaurante no interior de Minas Gerais. Duas jovens, Ana Cristina e Cristiana, em viagem com a família de Ana, encontram-no e leem a história. Elas ficam assustadas, pois o enredo do livro retrata exatamente o jogo de RPG que elas criaram com amigos em São Paulo. E o mais curioso: a história se passa na cidade onde vão passar as férias. Foi lá que ocorreram crimes em série no início do século XX. E, no mesmo local, 100 anos depois, volta a acontecer uma sequência sinistra de mortes – oito macabras bonecas de porcelana parecem corresponder às vítimas de um insano assassino serial.
As histórias do presente e do passado se misturam, a partir do personagem Daniel que, na verdade, é o lobisomem, o Hector um rapaz inglês do passado que lutava contra a maldição. O livro trata ainda da relação de amor entre uma garota e um lobisomem. A origem do nome, Sangue de Lobo, está na explicação do que acontece com o sangue para que o personagem se transforme em lobo. As autoras foram buscar explicações científicas para justificar a transfiguração. Por isso, a obra está sendo chamada de “o livro definitivo sobre lobisomens”. Como contos da mitologia e do folclore, em que seres humanos se transformam em animais, e devem passar por duras provas para reencontrar sua parcela de humanidade, nesta história a busca interior de cada personagem os levará a enfrentar a maldade e a loucura em busca de respostas – se não sobre os crimes, quem sabe sobre si mesmos.
Esse é o primeiro encontro literário das duas autoras que são apaixonadas pelo mundo fantástico.
Fantasia, aventura e seres fantásticos estão entre os elementos que gosto muito de colocar nas minhas histórias. Acho que escrevo sobre eles porque também me fascinam. E nada como um bom fascínio para dar ideias a um escritor, justifica a autora Helena Gomes.
Acho que o Fantástico – a Ficção Científica, o Terror, a Fantasia – são gêneros que dão mais liberdade ao escritor para falar de assuntos importantes, sem ser chato, diz Rosana Rios.

Elas já se conheciam do meio literário. Helena já havia lido alguns livros de Rosana desde o final da década de 1990. Elas se encontraram várias vezes em lançamentos, feiras e encontros, até que, num desses eventos, almoçaram juntas e Rosana fez um convite para que escrevessem um livro juntas. “Achei que ela ficou meio tímida, mas dias depois me mandou o início de uma história com o personagem Hector: um rapaz inglês que, nos primeiros anos do século XX, está condenado a se transformar em lobisomem nas noites de Lua Cheia. Adorei a concepção do personagem, que lutava contra aquela maldição, e propus um outro personagem importante, o Daniel, que viveria no século XXI. Então começamos a escrever. A história tomou vida nas nossas cabeças e acabou virando um livro policial muito emocionante”, recorda Rosana Rios.

Ao ler Sangue de Lobo, o leitor percebe a boa sintonia que houve entre as autoras. Na Parte 1 da obra, Helena Gomes ficou com a parte do passado (século XX), enquanto Rosana Rios com o presente (século XXI). Já na Parte 2, os capítulos foram divididos e cada uma ficou responsável por alguns deles.
Mas sempre demos palpite nos capítulos uma da outra, intercalamos cenas, mudamos acontecimentos até ficarmos satisfeitas com o resultado final, comenta Rosana Rios.
Para criar a obra, as duas fizeram ainda várias pesquisas, como explicar cientificamente a transformação de um ser humano em lobo. “Qual é o agente que desencadeia a mutação em lobo? Fomos pesquisar em vários mitos sobre transformação e nas histórias do folclore mundial sobre lobisomens, e também fomos estudar a composição do sangue humano. Descobrimos coisas incríveis, que explicam perfeitamente a contaminação que resulta na Licantropia. E, já que está tudo no sangue, daí tiramos o nome do livro – Sangue de Lobo. Basta dizer que o leitor vai finalmente entender o que faz uma pessoa virar lobo e como reverter a maldição”, revela Rosana Rios.
Um dos pontos altos de Sangue de Lobo é que a história fantástica se passa no Brasil.
Há cenários incríveis aqui, só esperando uma chance de serem descobertos. A cidadezinha de Passa Quatro, em Minas, onde se passa a trama, é uma delícia, cercada por montanhas numa paisagem de tirar o fôlego, conta Helena Gomes. Isso sem falar das oito macabras bonecas de porcelana que ficarão marcadas na memória do leitor. Aquelas bonecas de porcelana me dão calafrios. Elas, com certeza, chamam a atenção (rsrs), brinca Helena.
Para elas, as histórias fantásticas são muito importantes para a formação do jovem, público-alvo do livro.
Além de ser muito atraente para o leitor jovem, o Fantástico apresenta possibilidades sem fim de reflexão sobre a realidade. Às vezes é importante nos afastarmos do mundo real para compreender melhor como ele funciona. E, como nas histórias de fantasia usamos muitos elementos dos mitos e do folclore (como a figura do lobisomem), trabalhamos com arquétipos, motivos antigos que fazem parte da literatura desde sempre. Tudo isso enriquece o leitor, opina Rosana Rios.

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